Em entrevista ao Jornal Correio da Bahia desta sexta-feira (24), os policiais militares apontados como suspeitos de terem feito os 17 disparos que mataram o agente civil Mário Sérgio Moreira Ainsworth, 36 anos, na noite do domingo (19), em Itaparica, afirmaram que não se conhecem, nem à vítima. E ambos questionaram o modo como a investigação do crime vem sendo conduzida pela Polícia Civil.
“Tenho 28 anos de Polícia Militar, não são 28 dias, para meu nome ser vinculado a uma coisa que não fiz. Estou decepcionado e constrangido. A investigação está perdida e atira para qualquer lado”, declarou o sargento PM Almir (pediu para preservar o sobrenome), 47, que afirmou que estava de plantão na Vila Militar do Bonfim no dia da morte de Mário Sérgio, dentro de uma igreja.
O PM enviou ao CORREIO cópia do livro que registra que ele estaria trabalhando na condição de adjunto e comandante da guarda, no dia do crime. Almir disse não conhecer Mário Sérgio, mas confirmou que manteve um relacionamento com Rute Souza Pereira, 27, viúva do agente assassinado.
“Há um ano e sete meses nos envolvemos por cinco meses. Porém, quando ela descobriu que eu tinha outro relacionamento, me largou. Eu segui minha vida”, explicou. Em entrevista ao CORREIO, Rute declarou que o relacionamento durou apenas enquanto ela esteve separada de Mário Sérgio.
Ferry-boatJá o PM José Milton dos Santos, 41, detido no dia do crime no ferry-boat, afirma ser vítimadaperseguição de um agente civil. “Há três anos, tive uma discussão com o agente Jurandir Maria, conhecido como Xuxa, que agrediu o meu filho. No domingo, ele participou da diligência no ferry. Eu estava acompanhado na moto e eles vieram perguntando se a mulher que estava comigo era Rute. Senti na pele a truculência”, disse José Milton, que foi encaminhado para a Corregedoria- mas liberado horas depois por falta de provas.
Ele declarou estar afastado das funções policiais pela Junta Médica do estado. José Milton disse não conhecer Almir nem Rute. Após o depoimento na Corregedoria, foi ao Departamento de Polícia Técnica (DPT), onde fez exame para detectar a presença de pólvora nas mãos. Ambos prometem acionar o Ministério Público Estadual.
Na próxima semana PMs serão ouvidos
A Polícia Civil trabalha com a hipótese de crime passional, provavelmente cometido por um policial que teve um relacionamento com Rute - segundo o delegado interino da 19ª DP (Itaparica), Carlos Sanches. Os PMs, afirmou Sanches, serão ouvidos na próxima semana. “Os dois são objeto de investigação. Não acho que o crime esteja ligado ao tráfico. As armas usadas (.40) são de policiais”, respondeu após perguntado o que o leva a apontar a participação de policiais militares no crime.
Os PMs se defendem e afirmam que os criminosos estão mais bem armados. “Eles possuem armas mais pesadas que a polícia. Assim como Mário Sérgio morreu dessa forma trágica e covarde, poderia ter sido eu. Foi mais um guerreiro abatido. O policial esta perdendo a guerra para a malandragem. O serviço de investigação está equivocado', declarou Almir.
Assassino entrou em igreja e disse: ‘É esse que eu quero’ O agente civil Mário Sérgio Moreira Ainsworth, 36, era lotado desde 2004 na 19ª DP (Itaparica). De acordo com testemunhas ouvidas pelo titular interino, delegado Carlos Sanches, às 20h30, dois homens usando capacetes e capas pretas invadiram o templo e efetuaram os disparos de pistolas .40, sem chance de reação.
Um dos assassinos entrou primeiro e disse: ‘É esse que eu quero’. Em seguida, descarregou a arma. O comparsa deflagrou mais alguns disparos e os dois fugiram em direção ao Terminal de Bom Despacho.
No momento do crime, além do pastor e do policial, havia mais seis pessoas dentro da igreja. Mário era casado com Rute Souza Pereira, 27, com quem tinha uma filha de 5 meses. O casal morava em uma casa no bairro de Porto Santo.
Posta por Jorge Magalhães
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