O comando da Polícia Militar da Bahia voltou atrás e decidiu afastar da ativa o recém-formado tenente Fagner Castro Santos, 22, que matou com três tiros o perito da Polícia Civil Hilton Martins Rivas, 25, na última quarta-feira (29). A morte aconteceu durante uma abordagem policial no bairro de Santo Antonio Além do Carmo, no centro histórico de Salvador.
Santos confessou a ação e alegou legítima defesa.O fato causou tensão entre as duas corporações e, em sinal de protesto, os agentes civis suspenderam ontem as atividades por tempo indeterminado. Os policiais realizaram uma série de ações pela cidade, cobrando apuração rigorosa e o afastamento do policial militar envolvido.
De acordo com a diretoria do Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindpoc), a declaração do corregedor-chefe da PM, coronel Manoel Francisco Bastos, de que não havia motivos para tirar de atividade o policial acusado, porque ele teria agido corretamente e em legítima defesa, indignou a categoria. Nesta sexta-feira (31), entretanto, o comandante-geral da PM, coronel Nilton Mascarenhas, anunciou o afastamento do tenente.
Mascarenhas informou também que a PM instaurou inquérito para apurar os fatos, cujo andamento será acompanhado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público (MP). A expectativa é de que dentro de 40 dias os autos sejam remetidos ao MP, que decidirá pela denúncia do militar ou pelo arquivamento do processo.
A série de protestos deflagrada pelos colegas da vítima levou também o tenente acusado a prestar depoimento no Ministério Público, onde, segundo a promotora Isabel Adelaide, o acusado alegou legítima defesa.
A mobilização, organizada pelo Sindpoc, contou ainda com a participação de representantes da Associação dos Delegados da Polícia Civil do Estado da Bahia (Adpeb) e da Associação dos Peritos Técnicos de Polícia da Bahia (Aptpol).
Policiais do interior do Estado também aderiram ao movimento em solidariedade à classe na capital e, nesta sexta-feira, delegacias de cidades do interior, como Itabuna e Feira de Santana, não funcionaram.
Pela manhã, os policiais realizaram novas manifestações na avenida ACM, importante centro empresarial da capital baiana, saindo em carreata pela cidade e congestionando o tráfego. O movimento arrefeceu somente no início da tarde, em frente à sede da Secretaria de Segurança Pública, após os peritos terem acesso ao conteúdo do depoimento do acusado e comprovarem que ele foi ouvido na 2ª Delegacia Policial, na Liberdade, onde o fato está sendo apurado.
Com as investigações em andamento, Carlos Lima, diretor do Sindpoc, diz que a categoria vai encerrar a paralisação e retomar as atividades ainda hoje.
Posta por Jorge Magalhães
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