A Polícia Federal, com apoio da Polícia Rodoviária Federal, prendeu na manhã desta sexta-feira (25/03) oito policiais rodoviários federais suspeitos de corrupção. Os agentes eram responsáveis pela fiscalização na BR-101 sul (Rio-Santos). Outras duas pessoas ainda podem ser presas. Os agentes tentam cumprir também 20 ordens de busca e apreensão.
O esquema de corrupção era praticado nos municípios de Itaguaí, na Baixada Fluminense, e em Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty, no sul do Estado. De acordo com as investigações, os policiais envolvidos obrigavam carros e caminhões a pararrem em um tipo de blitz e cobravam "pedágio".
Eles agiam de diversas formas, dentre elas atrasando caminhões, que realizavam entregas. Também mantinham um esquema de salvo-conduto prévio com empresários, passando informações sobre locais de fiscalização e até mesmo escoltando cargas irregulares.
Segundo o delegado Fábio Galvão, alguns empresários eram forçados a entrar no esquema, devido a ameaças de retaliação.
- Alguns empresários também serão investigados por corrupção ativa. Eles tinham um salvo-conduto, para transitarem livremente pelas ruas e, muitas vezes, isso saía mais barato: pagar propina do que andar corretamente.
Um microempresário, dono de um restaurante, está entre os investigados. Ele é suspeito de ser o responsável pelo recolhimento do dinheiro com os outros comerciantes e entregar as quantias aos policiais.
- O líder era o comando e sub comando da delegacia, e o que ajudou a corroborar a investigação foram os bens incompatíveis com a função, imóveis, lanchas e dinheiro. Um dos policiais acumulou R$ 2,4 milhões em cinco anos e seu salário rendia R$ 10 mil em um ano.
Ex-chefe entre os presos
Dentre os presos está o ex-chefe da 3ª Delegacia de Polícia Rodoviária Federal, em Itaguaí. Dentre os seus bens haveria uma empresa de ônibus, que atua na região e seria controlada por um "laranja".
A operação começou após a denúncia de um caminhoneiro, que compareceu à delegacia revelando que ficou parado em uma blitz por mais de duas horas sem ter nenhuma irregularidade. O fato foi comprovado pelo GPS do veículo.
No total a operação contou com mais de 120 policiais. Os agentes esperam cumprir na tarde desta sexta-feira um nono mandado de prisão. O último dos dez expedidos pela Vara Federal de Angra dos Reis, no entanto, não poderá ser cumprido porque o policial que estava na ativa há 34 anos, que também era investigado, morreu no último dia 4 de março.
Operação Guilhotina
A operação Pisca-Alerta S.A. acontece pouco mais de 40 dias da operação Guilhotina, que resultou na prisão de ao menos dez policiais civis, 22 policiais militares e de 11 pessoas investigadas.
Entre os presos está o ex-subchefe da Polícia Civil, delegado Carlos Oliveira, que se entregou a PF no dia da operação. Ele é suspeito de comandar o esquema chamado de "espólio de guerra", que consiste em desviar armas apreendidas em operações policiais contra uma facção criminosa e revender aos traficantes de uma facção rival.
A operação Guilhotina deu início a uma das maiores crises da Polícia Civil do Rio de Janeiro. O ex-chefe da Civil Allan Turnowski foi indiciado por violação de sigilo profissional. A pena, caso Turnowski seja condenado, deverá ser alternativa, como prestação de serviço à comunidade. Com a saída dele, a delegada Marta Rocha foi escolhida a nova chefe da Polícia Civil do Estado.
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