quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Greve da Policia Civil segue sem acordo

Policiais civis entram no terceiro dia de paralisação sem que o governo e líderes do movimento se entendam


A lei orgânica que satisfaz os interesses da Polícia Civil não chegou à Assembléia Legislativa (AL) ontem. Assim, caso o comando de greve da Polícia Civil cumpra o prometido, estende-se a expectativa do período de paralisação, já que os agentes vêm declarando que só retornam ao trabalho depois que o referido projeto chegue à Casa, seja aprovado e sancionado pelo governador Jaques Wagner.

A continuação da greve dos policiais civis, segundo o secretário estadual de Administração, Manoel Vitório, pode levar o governo a interromper o processo de finalização do texto da lei orgânica da categoria. Com isso, há o risco de adiar, ainda mais, o envio do documento à Assembléia Legislativa.

No que tange à população de Salvador e das demais cidades baianas, a falta de registro de ocorrências tem causado transtornos.

Na capital, o veterinário Paulo Soares de Souza, 34 anos, tentou registrar o roubo de seu automóvel na 1ª CP (Delegacia dos Barris) ontem pela manhã.

Foi surpreendido com a notícia de que não poderia acionar o seguro de seu veículo, pois esse procedimento somente é possível com a posse do boletim de ocorrência (BO). “O agente me disse que só poderia fazer isso na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV) e que não adiantava ir lá por causa da greve”, indignou-se. Casos parecidos foram encontrados por A TARDE nas oito unidades visitadas pela reportagem, em Salvador, ontem.

MEDO – Mesmo temerosa de ser vítima de agressão, a cabeleireira Giomária Messias da Silva, 28, terá de esperar o final da greve da Polícia Civil. Na manhã de ontem, ela compareceu à 5ª CP (Subúrbio/ Periperi) para registrar queixa de uma ameaça de agressão que vem sofrendo e, depois de contar todo o seu drama, ouviu de um dos agentes que não era possível fazer nada até o final da paralisação.

“Eu lembrei da greve, mas estou com tanto medo que aconteça alguma coisa comigo que resolvi tentar assim mesmo. O jeito é tomar cuidado e esperar”, resignou-se a cabeleireira.

Até o final da manhã de ontem, na 10ª CP (Pau da Lima), o movimento foi fraco. Os agentes da unidade acreditam que a população, ciente da paralisação, não está mais comparecendo à delegacia.

INTERIOR

Nas cidades do interior da Bahia, muita gente também vem voltando da porta das delegacias. Foi o caso de Maria Lídia Souza, que procurou a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Feira de Santana, ontem, para registrar queixa contra uma vizinha que, segundo ela, a ameaçou. Como não conseguiu atendimento na especializada, Lídia se dirigiu ao Complexo Policial Investigador Bandeira, mas a viagem foi em vão. “Agora é esperar a polícia voltar para tentar resolver o problema”, disse.

Posta Por Jorge Magalhães



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