sábado, 11 de outubro de 2008

Violência atinge 33% das portuguesas



Número de mulheres que já foram vítima de violência doméstica é elevado e atinge todas as classes, diz a UMAR .

A violência doméstica atinge fundamentalmente as mulheres. Hoje em dia morrem mais mulheres vítimas de violência de gênero do que, por exemplo, de cancro da mama. Este ano, são já 31 as mulheres assassinadas, mais que em 2007.


Os autores dos crimes são os maridos, ex-maridos, companheiros, ex-companheiros, namorados ou ex-namorados.


Cada vez com maior freqüência, o uxoricídio (homicídio de mulheres nas relações de intimidade) e tentativas de assassinato e agressões constituem notícia nos órgãos de comunicação social. Há já mesmo uma tese acadêmica defendida por Artemisa Coimbra, elaborada a partir dos crimes de homicídio e agressões a mulheres noticiadas pelo Jornal de Notícias.


A União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) é das instituições que mais se tem destacado no combate à violência doméstica e, segundo a sua vice-presidente, Maria José Magalhães - professora universitária e investigadora na Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação do Porto - em Portugal, em cada três mulheres, uma é ou foi, vítima de violência doméstica. É um número elevado, chocante, real e o drama é transversal atingindo todas as classes sociais, idades, culturas, e grau acadêmicos.


Maria José Magalhães considera urgente acabar com o drama, ou pelo menos minorá-lo, e garante que a sua organização tem desenvolvido uma série de ações ligadas à prevenção primária, secundária e terciária.


Na área da prevenção primária, a investigadora diz que as ações têm lugar nas escolas e nas associações culturais e recreativas e "incidem na educação das crianças, dos jovens e dos adultos para a mudança de comportamentos e atitudes". A nível da prevenção secundária, e tendo em conta que o problema muitas vezes já existe, é necessário dar resposta social imediata que contribua para minorar o drama.


"A sociedade portuguesa - diz a mesma investigadora - está muito deficitária, principalmente a nível da prevenção primária e secundária.


A UMAR tem lutado para que haja um maior investimento quer financeiro, quer de recursos humanos". E porquê? A resposta não tarda: "As mulheres e as jovens que são vítimas de violência precisam de uma resposta global, consistente, de qualidade e de continuidade. É importante - prossegue Maria José Magalhães - receber a vítima e a sua família até ao seu processo de autonomização que engloba o encontrar de casa, segurança, estar bem economicamente e o acompanhamento das crianças nas escolas. Tudo o que estiver a montante disto é insuficiente e pode levar a vítima a voltar para o agressor e, como tal, pôr de novo a sua vida em risco".


Em relação à prevenção terciária, Maria José Magalhães considera que Portugal já possui um avanço significativo. Dispõe de 34 casas de abrigo (onde se encontram a viver mulheres vítimas de maus tratos) que permitem assegurar o conforto e bem estar de centenas de mulheres em risco.



POSTA POR ELICLEIA OLIVEIRA - Publicado no Jornal de Notícias (Portugal), 01/09/08.

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