segunda-feira, 10 de novembro de 2008

CPI deve convocar delegado da PF suspeito de quebrar sigilo telefônico de jornalistas

Depois da paralisia nos trabalhos da CPI das Escutas Clandestinas da Câmara nas últimas três semanas, a comissão promete retomar o ritmo das atividades nesta quarta-feira com a votação de requerimentos considerados polêmicos pelos parlamentares.

Além de definir as eventuais convocações do chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, e do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, a CPI terá que decidir se convoca o delegado da Polícia Federal supostamente responsável por quebrar sigilo telefônico de jornalistas na Operação Satiagraha.

O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) protocolou na CPI requerimento de convocação do delegado Amaro Vieira Ferreira, responsável por investigar o vazamento da Satiagraha, além de um pedido de informações ao juiz da 7ª Vara Federal, Ali Mazloum --que autorizou os pedidos de Amaro para busca e apreensão contra agentes que atuaram na Satiagraha.

Reportagem da Folha afirma que a PF conseguiu, sem ordem judicial, a quebra do sigilo telefônico de dezenas de aparelhos Nextel usados na madrugada em que a operação foi deflagrada. Os pedidos foram focados em quatro locais onde havia equipes da TV Globo à espera da polícia na madrugada da operação.

Com a quebra dos sigilos, a PF estaria investigando se o delegado Protógenes Queiróz, que comandou a Satiagraha, teria avisado repórteres da emissora sobre a operação. Durante a Satiagraha, o ex-prefeito Celso Pitta foi flagrado por câmeras em sua residência, de pijamas, ao ser preso pela PF.

"A CPI está no limbo, em processo de inanição. Os novos fatos obrigam a comissão a tomar posicionamentos. Se não aprofundar as investigações, teremos que contar prazo, encerrar os trabalhos e produzir o relatório final", disse Fruet.

O relator da CPI, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), negou as críticas da oposição de que a base aliada do governo tenha esvaziado os trabalhos para evitar as convocações de Carvalho e Greenhalgh --ex-deputado petista. Segundo o deputado, houve um impasse na comissão para a votação de requerimentos polêmicos, mas sem uma determinação do Palácio do Planalto para o esvaziamento dos trabalhos.

"Se não tivermos acordo, vamos para o voto. Há requerimentos na pauta da comissão que parte dos seus integrantes acha desnecessários. Mas eu defendo que se vote, embora eu vá votar contra as convocações do Greenhalgh e do Gilberto Carvalho. Acho esses depoimentos desnecessários", afirmou Pellegrino.

Carvalho ganhou apoio da Comissão de Ética Pública --ligada ao Palácio do Planalto-- que arquivou o processo que sugeria punição ao assessor da Presidência por suposto tráfico de influência. Ele é acusado de repassar informações privilegiadas da operação a Greenhalgh, que defendeu aliados do banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity, durante a Satigraha.

ProrrogaçãoCom os novos requerimentos, Pellegrino se mostrou favorável à prorrogação dos trabalhos da CPI por mais 90 dias, a partir de dezembro. A idéia do relator é realizar os novos depoimentos até o início do recesso parlamentar do Congresso, no dia 18 de dezembro, e dedicar os meses de janeiro e fevereiro para a redação do relatório final.

O presidente da comissão, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), já defendeu publicamente a prorrogação dos trabalhos para que o relator tenha mais tempo na elaboração do texto final.

Posta por Jorge Magalhães

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