sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Brasileiro é condenado a prisão perpétua nos EUA


O imigrante brasileiro, Jeremias Bins, 32 anos, foi declarado culpado e condenado, na última terça-feira (4), à prisão perpétua nos Estados Unidos por duplo assassinato. Ele matou a golpes de martelo a própria esposa, a pernambucana Carla Alessandra Souza Maia, 37 anos, e o enteado Caíque Tierry Maia de Albuquerque Souza, 11 anos. A mulher era radicada em Feira de Santana, onde o filho nasceu muitos anos depois.

Bins é natural do Espírito Santo, mas aos seis anos de idade se mudou para Rondônia. Batizado na Igreja Luterana, ele contou à polícia que sentia ciúme da mulher por causa da forte devoção à igreja mórmon. Horas depois do crime, ele foi ao Departamento de Polícia de Framingham carregando o filho de 5 meses, que teve com Carla, e pediu desculpas aos policiais. As informações são do jornal Boston Globe.


O casal se conheceu em 2005, depois que um missionário mórmon convidou Bins, que trabalhava na construção civil, para visitar a igreja. Na cerimônia, Bins sentou-se atrás de Carla, que trabalhava como empregada e era divorciada. Um ano depois de iniciarem o namoro, Carla engravidou.


Pela gravidade do crime, a condenação de Jeremias era esperada, “mas poucos pensavam que a decisão do juri seria tão pesada”, comenta o vendedor Juliano Pedrosa. “Todos pensávamos que ele seria condenado a, no máximo, 40 anos por cada crime e não perpétua”, ressalta. Jeremias bateu com um martelo na cabeça de sua esposa e de seu enteado, levando-os à morte. Com a decisão da Justiça norte-americana, ele não sairá mais da cadeia.


Juliano, assim como outros brasileiros, ficou revoltado pela brutalidade com que foi cometido o assassinato. Quando a Côrte anunciou a pena, o Jeremias ficou transtornado, mas algumas pessoas vibraram com a decisão, haja vista o tamanho da indignação de todos, perante o crime.
Após o fechamento dos depoimentos, o júri foi dividido entre seis homens e seis mulheres. Eles deliberaram ontem, durante cerca de três horas, antes de tomarem a decisão.


Antes do término das audiências, o juiz John Howard Lu negou o pedido do que o júri fosse autorizado a considerar homicídio culposo como uma opção, o que poderia resultar em no máximo 20 anos de prisão por cada crime.

A família de Bins, ficou sabendo da decisão, ainda no mesmo dia, informada por telefone. Transtornada, a mãe do brasileiro, Neucira Neimer Bins, disse que seu filho “sempre apresentou crises nervosas, desde pequeno, e sabia que isso o traria problemas no futuro”. O que ela não contava era com o resultado do julgamento. “Como mãe, estava esperando meu filho. Pensei que ele fosse ser condenado a alguns anos de cadeia e que pudesse cumprir pena aqui no Brasil”, se emociona.


Os familiares não sabem o que fazer, mas alguns mais próximos tentarão o visto para visitar o filho. O medo de Tereza Bins, irmã de Jeremias, é que a crise nervosa piore após esta condenação. “Tenho receio de que ele entre em depressão e aqui no Brasil nós poderíamos ajudá-lo, mesmo que na cadeia”, salienta. “Meu irmão pode morrer ou se matar”, teme.


Já para o paí de Caíque, Antônio Souza Júnior, esta alegação de crise nervosa e de que o rondoniense é doente, não passa de tentativas para amenizar o crime. “Se ele fosse doente mesmo, deveria ter matado seu próprio filho, que também estava no local do homicídio”, fala.


Júnior disse que desde o começou mobilizou a comunidade para sensibilizar as autoridades no sentido de não transferir Jeremias para o Brasil. “Eu sempre confiei na justiça norte-americana”, complementa.

Posta por Jorge Magalhães

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