A população da cidade de Valença, a 120 quilômetros de Salvador (BA), tenta nesta sexta-feira (25/02) retomar a rotina após uma noite de intensos protestos e depredações. Por causa da fúria popular, o prefeito Ramiro Campelo de Queiroz precisou deixar a cidade. Houve quebra-quebra, saques em lojas, interrupção do trânsito e muita confusão.
Segundo moradores da região, a população protestava exigindo mais segurança. O estopim para a revolta foi o latrocínio de um jovem, ocorrido dentro de casa. O corpo permaneceu dois dias à espera de um legista para a necropsia. Ele teria sido a 14ª vítima da violência neste ano no município, que tem uma população estimada em pouco mais de 88 mil pessoas.
Foi necessário o reforço de policiais da região para conter os ânimos. A população apedrejou prédios como o da prefeitura e o da Receita municipal. Lojas da família do prefeito foram saqueadas e depredadas.
“Eu ainda estava no gabinete, despachando com alguns vereadores, quando ouvi os gritos de "fora, prefeito". Se não fosse a proteção policial, eles teriam invadido a prefeitura e nem sei o que poderiam ter feito. Foi terrível, nunca vi isso em minha cidade”, disse Campelo, que foi escoltado para Salvador.
“Ainda tentei argumentar que essa questão do legista não é de responsabilidade municipal, mas do governo do Estado. Porém, os revoltosos não quiseram ouvir”, completou .
Segundo informações da polícia, existem apenas dois legistas para atender a região, o que justificaria a demora na liberação dos corpos. Já houve caso de corpos aguardarem até três dias no Departamento de Polícia Técnica para serem necropsiados.
O prefeito admite que os índices de violência são crescentes na cidade e afirmou que aproveitaria a sua estada em Salvador para conversar sobre o assunto com o governador Jaques Wagner (PT). O governador, no entanto, viajou para a Coreia do Sul. Segundo a assessoria do governo baiano, Campelo deverá ser atendido pelo governador em exercício, Otto Alencar.
O prefeito não nega a preocupação com a onda de violência na cidade. Com pouco mais de 88 mil habitantes, a cidade está entre os três municípios do interior baiano com o maior índice de violência, segundo Queiroz. “Temos enfrentado aqui muitos assaltos a mão armada, e alguns acabam em morte. Já estamos trabalhando para melhorar isso, e há um projeto para a urbanização da periferia. Porque com a péssima pavimentação, a ação policial fica mais difícil e as áreas se transformam em grandes esconderijos para os criminosos”, diz.
O protesto popular começou na tarde de quinta-feira. Segundo a polícia, moradores estariam insatisfeiros com o alto índice de violência na cidade e com a demora na liberação do corpo de um jovem vítima de latrocínio. Durante a manifestação, moradores depredaram a Câmara de Vereadores, a Prefeitura e pelo menos 12 estabelecimentos comerciais da cidade.
“A população estava protestando em frente à Câmara dos Vereadores, queimando pneus, e eles pediam mais segurança, além da contratação de um legista. Só que em um momento de euforia eles começaram a depredar a Câmara e estabelecimentos comerciais. Municípios vizinhos tiveram que mandar reforços para conter a manifestação”, diz o prefeito, que deve voltar a Valença ainda nesta sexta-feira (25).
MOTIVO
Homem reage a assalto e é morto dentro de casa defendendo a família
Marildo Teles Nascimento, 25, morreu com um tiro no rosto dentro de sua residência, depois de entrar em luta corporal com um ladrão que invadiu sua casa durante a madrugada para roubar.
Segundo ocorrência policial, o crime ocorreu por volta das 3h da madrugada, na Rua Maria Alice, Bolívia. Marildo estava em casa com sua esposa e filho e acordou com um marginal dentro do seu quarto para defender sua família reagiu e foi baleado no rosto, morrendo na hora.
Marildo era funcionário da Astram ( Associação de Transportes Marítimos de Valença).
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