sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Filha forja o próprio sequestro para tomar dinheiro do pai


A Polícia Civil de Feira de Santana vinha investigando há três dias um suposto sequestro registrado por Raimundo Nivaldo Silva, 58 anos, residente na rua T, bairro Aviário. Ele procurou a polícia para denunciar que uma filha tinha sumido e vinha recebendo ligações ameaçadoras exigindo que pagasse R$ 4 mil pelo resgate dela.

Os falsos sequestradores, dois adolescentes, exigiam R$ 4 mil pelo resgate de Ritângela e ameaçavam matá-la caso não recebessem a quantia. O aposentado, que recebe R$ 600,00 por mês, ficou desesperado e entrou em contato com a polícia. A partir da denúncia, o delegado Lordello acionou uma equipe da Delegacia Especializada de Furtos e Roubos da cidade para dar início às investigações, que culminaram na descoberta da farsa.

Os dois menores que se passavam pelos sequestradores foram apreendidos e contaram à polícia que a jovem forjou o próprio sequestro por ter dívidas com traficantes e temer ser morta. O rapaz e a garota ainda contaram que ela ficou durante todo esse tempo escondida na casa de Carla Figueirêdo, de 18 anos, irmã de um deles. Os dois teriam recebido crack para fazer as ligações.

O coordenador da Polícia Civil, Fábio Lordello desconfiou e designou uma equipe para investigar se havia sequestro ou não. Acreditando que se tratava de uma farsa a polícia passou a negociar com os "sequestradores" para ganhar tempo. O delegado Lordello informou para nossa reportagem que as ligações eram feitas para o celular de Raimundo e descobriram que Ritângela Oliveira Silva, 20 anos forjou o próprio sequestro e usava um menor para negociar por telefone, exigindo o dinheiro e fazendo ameaças.

" Os sequestradores queriam R$ 4 mil para que a filha do senhor Raimundo fosse liberado e ameaças terríveis foram feitas por telefone pelo menor de 16 anos ", disse Lordello ao Central de Polícia.

A polícia instruiu o pai da jovem a não pagar o resgate e no final da tarde desta quinta-feira (3), Ritângela teria ligado para a família informando que foi liberada, mas na delegacia, após ser interrogada confessou toda a farsa. Disse que era um jogo de cena para conseguir dinheiro do pai para sustentar o vício em drogas e denunciou seus parceiros.

Os policiais prenderam os outros envolvidos: Carla Figueiredo Bastos, 18 anos, residente numa vila de quartos na rua Papa João XXIII, no Tomba, a irmã de 15 anos e o negociador V.P, de 16 anos, que durante os telefonemas ameaça com palavrões e que agiria com muita violência. Todos foram autuados pelo delegado Marcelo Marques Novo.

FRIEZA

Durante entrevista ao Central de Polícia, Ritângela demonstrou muita frieza e nenhum arrependimento em querer arrancar dinheiro do próprio pai que tem como renda mensal aproximadamente R$ 600.

" Eu não devo a ninguém e todo o mudo sabe de tudo e não pode negar, mas eu fui a autora do plano ", confessou a filha desnaturada.

Ela não titubeou em denunciar os comparsas da trama. " O dinheiro seria divido em R$ 1 mil para cada um, mas eu não forcei ninguém a fazer nada ", disse Ritângela.
Questionada se estava arrependida a acusada respondeu friamente: " Eu não sou a primeira e não serie a última. Atrás de mim vem muitas, eu não abrí e nem fechei a porta do mundo para ninguém ".

Uma parceira de Ritângela informou que ela alegou que devia a traficantes, mas os fatos ainda não foram confirmados pela polícia. " Ela chegou em minha casa informando que estava sendo ameaçada por um traficante ", disse a menor de 15 anos.

O menor V.B,de 16 anos, que se passava por negociador e que tocava terror nos telefonemas também foi ouvido na delegacia. " Eu fumo crack e ela me obrigava a fazer as ligações para ameaçar o pai dela e me dava uma pedras (crack) como forma de pagamento, além de 5 reais.

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