De cueca, Adriano foi correndo para a carceragem da 4ª Delegacia. Acusado de degolar duas adolescentes no IAPI, Adriano Silva Nunes, 21 anos, acabou preso por se recusar a dividir um baseado. Ele começou a se enrolar ontem à tarde, na praia da Preguiça, na avenida Contorno, quando fumava maconha e disse ‘não’ a dois homens que o abordaram pedindo umas tragadas.
Em meio à discussão, um dos rapazes o reconheceu como um dos assassinos de Gabriela Alves Nunes, 13 anos, e Janaína Cristina Brito Conceição, 16 anos - os corpos foram encontrados na noite do dia 19 com marcas de tortura e degolados. As fotos de Adriano e de outros dois acusados, Alex dos Santos Silva, 21, o Lequinho, e Risovaldo Hora Costa, 20, o Riso, foram divulgadas em jornais.
Após ser reconhecido, Adriano foi agredido e teve as roupas arrancadas por pessoas que estavam na praia. Durante o espancamento, a 16ª CIPM, no Comércio, foi acionada. Quando três PMs chegaram à praia, Adriano havia fugido. Após denúncias de algumas pessoas que estavam ali, por coincidência a polícia soube que aquele egoísta apreciador de um baseado é um dos homens que eles procuram há mais de uma semana.
Mesmo com a boca sangrando e várias escoriações pelo corpo, o acusado entrou no mar e conseguiu nadar até a Bahia Marina, ao lado da praia da Preguiça. Ele foi encontrado pelos PMs embaixo da pista da avenida, apenas de cueca e rendido por um segurança. Adriano foi levado à 4ª Delegacia, em São Caetano, responsável pelas investigações do duplo homicídio.
O delegado titular, Omar Leal, não deu detalhes do depoimento, que durou três horas, sob a justificativa que atrapalharia as investigações. Mas o coordenador Regional do Comando do Policiamento da Capital, que cuida das áreas da Baía de Todos os Santos, major Washington Luís Plácido, falou sobre as declarações do acusado.
“Ele disse que não participou do assassinato. Que apenas recolheu os corpos, colocou dentro de um carro e levou para San Martin. Adriano falou que fez isso porque foi ameaçado de morte por Riso e Lequinho”, contou. Outro PM, que acompanhou o depoimento, afirmou que o acusado revelou que as meninas conheciam o grupo e que Gabriela namorava com Riso.
O policial também falou que Adriano disse que os cinco passaram a sexta-feira, dia dos assassinatos, “na boa”. Após o interrogatório, Adriano foi correndo para a carceragem da 4ª DP, sem conversar com a imprensa. O padrinho de Janaína, Ricardo Menezes, comemorou a prisão.
“Não traz ela de volta, mas dá um sentimento de justiça. Não quero ir lá ver eles e Ezardival (pai de Janaína) também não quer”, afirmou. O avô de Gabriela, Cosme Paranhos, não pensa da mesma forma. “Quero ir lá olhar no olhos e perguntar porque fizeram isso”, avisou. Adriano já foi preso por tráfico de drogas e posse ilegal de armas.
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