quinta-feira, 12 de março de 2009

Presidente da Associação de Oficiais da PM crítica ação da Polícia Civil


Presidente da Associação de Oficiais da Polícia Militar, o major Sílvio Marcelo de Carvalho Correia condena a ação da Polícia Civil no caso do esquema de corrupção na PM, em que três oficiais e oito civis são acusados.

Como a associação se posiciona em relação às denúncias de corrupção dentro da PM?

A associação tem dois posicionamentos. Primeiro, é de total apoio ao governador do estado para apurar qualquer fato ilícito ocorrendo dentro da instituição. Nós não apoiamos que se proteja ninguém que esteja praticando ato ilícito dentro da instituição, seja quem for, desde o soldado até comandante geral. O nosso segundo posicionamento é apoiar totalmente o coronel Santana, que é nosso associado, para ele se defender, inclusive fornecendo o advogado da associação.

A associação concorda com as ações da Secretaria de Segurança nesse caso?
Nós não coadunamos com a postura adotada na ação da Polícia Civil no caso. Não havia necessidade nenhuma de uso de algema para uma pessoa que não iria reagir, que não estava armada.Uma pessoa pública. Qual a necessidade de ter algemado o coronel Santana ou de o delegado ter obrigado o coronel a chamá- lo de senhor, no momento da prisão?
Por que não foram chamados oficiais da PM para acompanhá-lo?
Por que só algemaram o coronel Santana e não algemaram os outros dois coronéis acusados? Sobre a prisão, não questionamos a decisão judicial, principalmente se houver necessidade. Mas a própria natureza do crime de corrupção dispensa a prisão, porque as provas são materiais e já tinham sido colhidas. A única função das prisões foi interrogar os acusados, e eu posso garantir que eles prestariam depoimento espontaneamente, com uma simples determinação do comandante da PM.
O major condena a postura delegado, de ter algemado o coronel e o abrigado a chamá-lo de senhor?

O coronel Santana chamou ele pelo nome porque o conhecia e o delegado mandou que Jorge Santana o chamasse de senhor. Foi um ato imaturo, de um profissional imaturo.

O senhor acredita na inocência do coronel Santana e na dos outros coronéis?

Eu não tive acesso ao inquérito, então não posso emitir opinião sobre os fatos. Se a Justiça decretou as prisões, acreditamos que exista algum indício. Mas o coronel tem 38 anos de carreira na Polícia Militar sem nenhuma mácula. Ele é um símbolo de honestidade dentro da corporação.

Esses fatos podem reacender indisposições entre a Polícia Militar e a Polícia Civil?

Os ânimos estão acirrados, eu não vou dizer que não estão. Desde os soldados até os coronéis, todos estão indignados com essa série de fatos que estão ocorrendo. O governo tem que voltar a investir na integração da polícia. O governo não pode querer dar aumento diferenciado para o delegado e o oficial da PM, dizer que agente é nível superior e soldado é nível inferior, porque os serviços das duas instituições se completam.

Pode acontecer na Bahia um confronto entre as duas corporações, como ocorreu em São Paulo, recentemente?

Acho que qualquer conflito que venha ocorrer entre a Polícia Civil e Polícia Militar está hoje na mão do governador, para que ele evite qualquer ti po de conflito.


Como os oficiais da PM estão reagindo em relação a essa situação?

Ocorreu uma reunião entre o comandante geral e todos os coronéis da Polícia Militar, o chefe da Casa Militar, na sexta- feira, nos Aflitos, para discutir os fatos com a cúpula da corporação. Dentro dessa reunião, os coronéis cobraram o posicionamento da corporação em relação a esse tipo de conduta da Polícia Civil com a Polícia Militar. Os coronéis com certeza cobraram do comandante geral na reunião, e ele deve estar levando esses questionamentos ao governador e ao secretário de Segurança. Mas eu não acredito em retaliação dos policiais militares em relação à Polícia Civil. Depois da prisão dos coronéis, a Polícia Militar já realizou várias prisões e ações em conjunto com a Civil.

Existem boatos correndo nos bastidores de que a prisão do coronel Jorge Santana seria para barrar a pré-candidatura dele a deputado federal pelo PMDB.

O senhor tem ouvido esse tipo de comentário?

A corporação toda comenta que o coronel Santana rejeitou um convite para sair como deputado federal pelo PT e estava se filiando ao PMDB através do convite de Genebaldo Correia, do partido de Geddel Vieira Lima, de oposição dura ao governador Jaques Wagner. Levantou a suspeita de que foi uma vingança contra o coronel por ele não ter se lançado pelo partido do governo.

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Posta por Jorge Magalhães

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