segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Tela bruta



No que tange à inscrição da violência nos filmes, os cineastas da Retomada também se distanciarão dos cinemanovistas. Se para o Cinema Novo a violência teve um sentido existencial, numa tentativa de legitimação das causas populares diante da opressão, e foi marcadamente mais simbólica do que explícita, o cinema contemporâneo parece instalar um olhar menos reflexivo sobre a representação do violento, tendo produzido até agora bom número de títulos com alto teor de brutalidade.


Dessa maneira, a maioria das recentes produções dialogam com as do diretor americano Quentin Tarantino, que em “filmes como Cães de Aluguel (1992) e Pulp Fiction (1994) levou ao limite da perfeição alguns elementos e técnicas de linguagem que proporcionaram grande prazer ao espectador, ao mesmo tempo em que o colocaram diante de doses consideráveis de violência” (ORICCHIO, 2003: 157). Para Ivana Bentes, essa violência encontrada nos filmes da Retomada poderia ser definida como (Ramos, 2003:384):


Um brutalismo que teria como base “altas descargas de adrenalina, reações por segundo criadas pela montagem... as bases do prazer e da eficácia do filme norte-americano de ação onde a violência e seus estímulos sensoriais são quase da ordem do alucinatório, um gozo imperativo e soberano em ver, infligir e sofrer a violência”, a qual é transformada, portanto, em “teleshow” da realidade, que pode ser consumido com extremo prazer, mostrando-se randômica, destituída de sentido [chegando] à pura espetacularidade.

Posta por ELICLEIA OLVEIRA fonte: Cinema brasileiro da Retomada: da pobreza à violência na tela

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