"Meus filhos chamam o pai de avô". É desta maneira que a jovem de 28 anos, mantida em cárcere privado desde os 12 anos no povoado de Extremo, em Pinheiro (MA), descreveu a relação de seus filhos com o pescador de 54 anos. Ele foi preso, nesta terça-feira (8), por suspeita de ter engravidado a filha sete vezes e estuprado uma de suas "filhas-netas", de 5 anos e 8 meses, de acordo com laudo médico divulgado nesta quinta-feira (9).
"Eu o chamo de pai", disse a jovem ao se referir ao pescador, com quem manteve uma relação de marido e mulher desde a adolescência. "Estou preocupada com meus filhos, quero o bem deles", disse ela.
A jovem, ainda abalada com a prisão do pescador, tenta entender o que está acontecendo com sua vida. "Eu não saía de casa com medo do que poderia acontecer com meus filhos. Não sabia o que ele poderia fazer com elas", disse a mãe das sete crianças. As crianças estão vivendo com ela em um alojamento improvisado no Conselho Tutelar de Pinheiro desde que foram retiradas da casa em que moravam.
Segundo Marilza Moreira, assistente social do Ministério Público de Pinheiro, a família está recebendo acompanhamento psicológico desde que chegaram de Extremo. "Será uma tarefa difícil preparar as crianças e a própria mãe ao convívio em sociedade, já que viviam isolados. As crianças nunca saíram do quintal de casa, nunca foram a uma sala de aula, não conviviam com outras crianças e sequer passaram por algum hospital. Até mesmo a mãe terá dificuldades. Ela é analfabeta e não tem outras referências de vida além das que tinha no cárcere privado."
As crianças estão sendo submetidas a vários exames médicos e odontológicos.
Para José Ribamar Brito, conselheiro tutelar que participou da operação de retirada das crianças e da mãe de Extremo, o futuro da família ainda é incerto. "Ela vai precisar de muita ajuda, principalmente psicológica, social, mas também de meios para sobreviver, como trabalho e alimentação e medicamentos para passar a ter uma vida saudável com os filhos."
Marilza disse que a prioridade da promotoria da Infância e da Juventude é prestar o máximo de apoio para a família neste momento de transição. "A questão da guarda das crianças ainda não está em debate. Acho que seria pior para as crianças que elas se afastassem da mãe. Elas já estão tendo dificuldades para entender o que está acontecendo agora, se foram separadas da mãe, perderão toda a referência familiar que ainda têm."
EstuproO laudo pericial realizado nas duas "filhas-netas" do pescador confirmou que a criança de 5 anos e 8 meses teve rompimento parcial do hímen, laceração da mucosa genital e apresenta discreto sangramento. Outra "filha-neta" examinada, de 8 anos, teria dito à polícia que sofreu abuso sexual, mas o laudo não revelou lesões no corpo dela. Em depoimento à polícia, o pescador nega o crime.
Segundo a delegada Adriana Meireles, responsável pelo inquérito policial, disse que os exames foram feitos pelos médicos Gerson Marques e Ruth Costa, que trabalham no Hospital Municipal Materno-Infantil de Pinheiro e que foram nomeados para atuar no caso. "A cidade não tem médico legista e por isso eles foram acionados para fazer os exames."
O laudo indica que a "filha-neta" de 8 anos permanece virgem, não sofreu violência sexual e nem conjunção carnal. O exame na "filha-neta" de 5 anos e 8 meses revela que a menina sofreu violência sexual. "Houve introdução de algo na genitália dela, mas não é possível determinar se foi por meio de um instrumento, objeto ou até mesmo os dedos. A lesão não permite que os médicos afirmem o que provocou o machucado", disse a delegada.
Adriana afirmou ainda que a criança de 5 anos e 8 meses não fala e é muito arredia. "Ela praticamente chora quando alguém se aproxima dela. Os médicos nos relataram que ela se mostrou bastante fechada e assustada quando se preparavam para o exame. A menina de 8 anos relatou que o pescador a aliciava, mas nenhuma lesão foi encontrada em seu corpo." As informações são do G1.
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