Quem é pago para proteger hoje pede proteção. Após a execução do soldado Edmilson Nascimento, 42 anos, no domingo - a 20ª baixa na Polícia Militar neste ano- o clima está tenso na corporação. Policiais dizem estar tensos com a ação das quadrilhas e 280 deles tiveram que deixar suas casas este ano devido à farda, de acordo com a Associação de Praças da PM. Revoltados, eles cobram solução imediata.
Morador da Baixa do Manu, em Pernambués - apontado pela Secretaria de Segurança Pública como o bairro mais violento de Salvador- um soldado da 11ª Companhia da Polícia Militar (Barra/Ondina), não esconde o medo: “Ser policial hoje é sinônimo de alto risco. Foi-se o tempo em que a polícia intimidava. Hoje não passamos de troféus para malandros”.
Casado, pai de três filhos - um deles recém-nascido-, ele segue uma rotina de segurança para proteger também a família. “ Depois que minha mulher lava o meu uniforme, a roupa é secada dentro de casa para não chamar a atenção de bandidos. Proibi ela e meus filhos de comentarem por aí que sou policial. A gente evita falar em casa sobre o meu trabalho para os vizinhos não escutarem através das paredes”.
Ônibus
O que ele mais teme, porém, é ser identificado durante um assalto em ônibus. A maioria dos policiais ainda tem os coletivos como a única opção de transporte. “A gente esconde a farda na sacola e pede a Deus para não ser descoberto pois é morte na certa. Na companhia, dos 300 policiais, apenas dois chegam e saem fardados”.
Outro policial que não quis se identificar reclamou da falta de investimento. “ O governo atual pouco se importa com a corporação”, denuncia. O assessor de comunicação da PM, tenente-coronel Hélio Gondim foi procurado ontem durante todo o dia, mas não retornou as chamadas. O chefe da Assessoria Geral de Comunicação do Governo do Estado, Robinson Almeida, também não foi localizado.
Tiroteio
Ontem (8) pela manhã, dois homens morreram durante uma suposta troca de tiros com a Rondesp, no Engenho Velho da Federação. Policiais foram informados que pelo menos dez homens estavam armados na Rua das Palmeiras. Quando chegaram ao local teriam sido recebidos a balas e dois jovens foram atingidos e levados ao HGE, onde chegaram mortos.
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Ameaçados e com medo, pelo menos 280 policiais militares, tiveram que abandonar suas casas só este ano, segundo cadastro da Associação dos Praças da Polícia Militar. “É humilhante, frustrante e ultrajante para qualquer cidadão. O policial não espera ser expulso, ele está saindo de sua casa”, pontuou o presidente da associação, soldado Agnaldo Pinto. “O que a gente tem feito é tentado junto à Caixa Econômica Federal algum apoio. A situação é caótica”, justificou Pinto.
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Posta por Jorge Magalhães
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