terça-feira, 9 de setembro de 2008

Polícia Militar recebe cerca de 240 trotes por dia




"Um problema causado pela falta de consciência da sociedade". Assim a soldado da Polícia Militar Dulciene define os trotes que são passados para instituições criadas para prestar atendimento à sociedade. Dentre estas instituições, a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) são as que recebem o maior número de ligações falsas.



A Central de Operações (CENOP) do Primeiro Batalhão da Polícia Militar (1º BPM) de Feira de Santana contabiliza uma média de 240 trotes por dia, somando 7200 trotes mensais, resultando em 17520, em média, nos cinco primeiros meses de 2008.


"A Central é composta por oito aparelhos. Contabilizamos uma média de 30 chamadas falsas para cada aparelho, somando 240 trotes por dia. E todos os dias recebemos trotes, que normalmente são originados de telefones públicos e celulares que já vem com o 190 gravado. E nos finais de semana, quando as pessoas estão mais desocupada,s as ligações falsas aumentam", afirmou a soldado Dulciene, comandante da CENOP.


Ainda conforme a policial não há um perfil definido dos "troteiros". "Crianças a partir dos três anos de idade até idosos passam trotes para a polícia.


Normalmente estudantes que utilizam os orelhões nas portas das escolas. Mas, quem passa trote faz porque a ligação é de graça. E, na maioria das vezes não ligam apenas para solicitar viaturas para ocorrências falsas, mas, também, para dizer palavrões, pornografias, coisas absurdas. E isso mexe muito com o psicológico de todos nós", declarou.


CONSEQUÊNCIASAs conseqüências provocadas pelos trotes são incomensuráveis. Conforme o Soldado PM Leandro a polícia perde o seu poder de ostensividade e compromete o atendimento a ocorrências reais. "Existe um sistema na CENOP que evidencia que a polícia perde o seu poder de ostensividade, porque quando viaturas são deslocadas para atender aos trotes deixamos de atender a outros lugares que estão realmente precisando", explicou o soldado responsável pelo setor de estatísticas da PM.


Ainda segundo o soldado, além da perda de tempo que compromete a assistência à sociedade a corporação sofre prejuízos como desgaste das viaturas. "Perdemos em média de meia hora a até uma hora numa chamada de trote. Como não temos como identificar as ligações tentamos filtrar as chamadas com a solicitação de diversas informações às pessoas que estão ligando. Mas nem sempre é o suficiente", afirmou o PM.


CONSCIENTIZAÇÃOA falta de uma tecnologia que permita a identificação precisa das chamadas e ainda de leis que apliquem penalidades rigorosas para quem comete esse tipo de crime, a instituição investe na conscientização da população.


"Chamamos a atenção do público para não praticar esse crime, que é penalizado apenas com a prestação de serviços comunitários. E a autuação por trote só pode ser feita em flagrante e fazer um flagrante de trote é muito difícil, quase impossível. Porque a polícia tem que surpreender o indivíduo no momento exato da ligação, e isso é muito difícil", disse o soldado Leandro.

Jorge Magalhães 4º semestre de jornalismo da FAT- Faculdade Anísio Teixeira.

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