terça-feira, 16 de setembro de 2008

Diretor da PF é preso acusado de favorecer empresa de Eike Batista

A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira o diretor-executivo da corporação, Romero Menezes, e mais duas pessoas acusadas de advocacia administrativa, corrupção passiva e tráfico de influência durante ação realizada no Amapá, Pará e Distrito Federal. A ação é um desdobramento da operação Toque de Midas, realizada em julho desse ano. A operação investigava fraudes em licitações de concessões de estradas de ferro no Amapá.
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O delegado Romero Menezes, na hierarquia da Polícia Federal, é o segundo homem: ele responde diretamente ao diretor-geral da instituição, Luiz Fernando Corrêa. Ele chegou a ocupar interinamente a direção-geral da PF, em período de férias de Corrêa -inclusive no momento da crise institucional que a PF atravessou em decorrência da Operação Satiagraha, também em julho passado.

A Polícia Federal informou que mais detalhes sobre os motivos das prisões efetuadas hoje serão divulgados em entrevista coletiva que prevista para as 16h em Brasília.
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Número dois na hierarquia da PF desde 2006, Romero Menezes é acusado de participar de esquema de tráfico de influência A PF suspeita que um funcionário da EBX, holding controlada pelo empresário Eike Batista, e um prestador de serviços agissem em busca de facilidades para suas empresas junto a Menezes. Entre as benesses procuradas, estavam fraudes em inscrição para curso de supervisor de segurança portuária e credenciamento para instrutor de tiro sem análise prévia dos requisitos legais.

Segundo informações da rádio CBN, um dos suspeitos detidos é José Gomes de Menezes Jr., irmão do número dois da PF e dono de uma empresa de limpeza e conservação de ambientes.

Ainda segundo a rádio, Luiz Fernando Corrêa disse em conversa informal com jornalistas que a prisão temporária de Romero Menezes tem como objetivo evitar qualquer interferência na coleta de provas durante a investigação e que seu envolvimento no esquema de corrupção ainda terá de ser apurado para confirmar se de fato existiu. Dos sete mandados de busca e apreensão que a PF cumpre, um deles é no gabinete e outro na casa de Menezes. Um terceiro mandado em Brasília é cumprido no Ministério da Justiça.

Romero Menezes, de acordo com a PF, pediu afastamento do cargo. Será instaurado procedimento disciplinar para apurar o caso. Ele será substituído pelo diretor de Combate ao Crime Organizado da corporação, o delegado Roberto Ciciliatti Troncon Filho.

A operação de hoje foi feita em parceria com a Procuradoria da República no Amapá, que pediu a prisão temporária de Menezes e mais duas pessoas cujos nomes não foram divulgados.

Relembre o caso

Deflagrada em 11 de julho pela PF, a operação Toque de Midas investigava uma suposta fraude na licitação de concessão da Estrada de Ferro do Amapá para a MMX, mineradora do grupo de Eike Batista. A ferrovia escoa minério da Serra do Navio para o Porto de Santana, às margens do rio Amazonas.

Na ocasião, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa de Eike e em outros 11 locais. No entanto, nenhuma prisão foi feita e a MMX negou a existência de irregularidades na concessão.

A investigação apontou que o responsável pela negociação da suposta fraude à licitação teria atuado também na coordenação da arrecadação de recursos da campanha de reeleição do governador do Amapá, Waldez Góes (PDT). Informação do Tribunal Superior Eleitoral mostra que Eike foi o maior colaborador do comitê de Góes, somando um total de R$ 200 mil em doações.
Posta por Jorge Magalhães

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