terça-feira, 16 de junho de 2015

'Máfia', relata PF sobre quadrilha que atuava há 10 anos no Porto de Aratu

Coletiva na Polícia Federal (Foto: Henrique Mendes / G1)
"Agia como máfia", afirmou o superintendente em exercício da Polícia Federal na Bahia, Fábio Mota Muniz, sobre o grupo criminoso que teria desviado cerca de R$ 100 milhões em cargas do Porto de Aratu, em Candeias, que movimenta 60% da operações portuárias no estado. A investigação apontou que o grupo atuava há pelo menos 10 anos e pessoas que se opuseram ao esquema chegaram a ser mortas. A quadrilha foi desarticulada com a operação "Carga Pesada", deflagrada nesta terça-feira (16).
Na ação, um homem que não era alvo de mandados de prisão teve a casa invadida emorreu no Hospital Geral do Estado (HGE), na capital, após ser baleado por policiais federais. OG1 conversou com a irmã dele, que classificou o ato como "desastrado". A PF afirmou que rapaz portava arma e resistiu à investida policial.
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (16) uma operação contra o furto de cargas no Porto de Aratu, em Candeias, na região metropolitana de Salvador  (Foto: Divulgação/ Polícia Federal)
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça
operação contra o furto de cargas no Porto de
Aratu (Foto: Divulgação/ Polícia Federal)
Ao total, a operação da PF cumpriu 15 dos 24 mandados de prisão, além de 24 mandados de busca e apreensão. Uma outra pessoa, que não estava na lista de procuradas, foi detida em flagrante. A operação aconteceu ainda nos estados de Minas Gerais e São Paulo, para onde eram encaminhadas as cargas furtadas.
Durante coletiva à imprensa, o delegado Fábio Mota Muniz informou que organização criminosa tinha com mentores o antigo e atual presidentes da Cooperativa de Motoristas Autônomos do Estado da Bahia. A PF preferiu manter os nomes dos principais suspeitos em sigilo. Eles atuavam, segundo a PF, com o apoio de seguranças de armazéns de Aratu, profissionais de controle de acesso, guardas portuários e ao menos um policial rodoviário estadual reformado.
A PF detalha que a investigação começou no segundo semestre de 2014. "Tínhamos conhecimento desses furtos que estavam ocorrendo no Porto de Aratu e precisavam ser combatidos. Posteriormente, chegou a informação de que pessoas estavam sendo ameaçadas e até mesmo assassinadas", relatou Mota Muniz..
"Uma delas [pessoas mortas pelo grupo] começou uma investigação para levantar informações para empresa [que estava sendo prejudicada] e acabou sendo vítima da quadrilha. Posteriormente, algumas pessoas que faziam parte e que não queriam mais fazer e até ficaram contra foram vítimas da ação", detalhou o delegado. Levantamento da PF apontou que três mortes e mais três tentativas de homicídios relacionados ao grupo criminoso foram cometidos entre 2012 e 2015.
O delegado de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio (Delepat), Orlando Borges de Azevedo Júnior, afirma que os principais mentores do esquema foram presos. "Essa organização criminosa a gente conceitua na categoria de alta periculosidade. Ela é constituída pela célula, que era composta de 10 elementos altamente periculosos, que há tempo vêm sagrando as empresas importadoras", afirmou.
Azevedo Júnior também descreve com o grupo tinha acesso facilitado ao Porto de Aratu. "A fiscalização ordinária da Codeba [Companhia das Docas do Estado da Bahia] ela é bem estruturada, de forma que para você conseguir furtar um produto dali não teria como acontecer se não tivesse a facilitação de pessoal envolvido na segurança e na logística", garantiu.

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