terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Governador da Bahia espera fim da greve da PM para esta terça-feira


A expectativa do governador da Bahia Jaques Wagner é de que a greve da Polícia Militar no estado acabe ainda nesta terça-feira (7). “Meu esforço está sendo esse, muito grande, fazendo propostas consistentes para que a gente possa terminar esse movimento ainda hoje", declarou em entrevista à TV Bahia.

Jaques Wagner se mostrou otimista a respeito dos resultados da reunião que ocorreu na segunda-feira (6), com a presença do arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger com lideranças grevistas, representantes do governo e da OAB. Nesta terça-feira, uma nova reunião entre as partes está em andamento para avaliar o que foi discutido no dia anterior. "Eu que sou muito experiente em negociações posso dizer que uma negociação que dura dez horas é um bom sinal", completou.

Declaração anterior

Em entrevista ao Bom dia Brasil na manhã desta terça-feira, Jaques Wagner disse não ter como incluir "imediatamente" no Orçamento o aumento solicitado pelos policiais militares em greve, mas disse que há avanços nas negociações e sinalizou com a possibilidade de reajustes parcelados até 2015. Ele destacou como positiva a duração da reunião realizada entre 16h30 de segunda-feira (6) e 2h30 desta terça. Nesta manhã, uma nova rodada de negociações deve ser realizada. Desde o início da greve, há uma semana, mais de cem homicídios foram registrados no estado, segundo a Secretaria de Segurança Pública.

Wagner afirmou estar disposto a conceder o pagamento da Gratificação de Atividade Policial (GAP) de nível 4, a principal exigência do movimento, mas diz não ter recursos para que o pagamento seja feito imediatamente. Atualmente, os policiais recebem a gratificação de nível 3, que é incorporado ao soldo para formar o salário final. Atualmente, um soldado da Bahia recebe entre R$ 1.900 e R$ 2.300.
Se for para pagar alguma coisa imediatamente agora, não há menor espaço, porque eu não tenho espaço fiscal para fazê-lo"
Jaques Wagner, governador da Bahia

A proposta citada pelo governador é de que o valor da gratificação de nível 4 seja incorporado ao salário de forma diluída ao longo dos três próximos anos. É a primeira vez que Wagner fala na possibilidade de pagar o GAP 4.  “Nós, ao longo de cinco anos, concedemos 30% de aumento real. E eu tenho limite na folha. As negociações são em torno desse valor, da chamada GAP 4, e eventualmente até da GAP 5, mas evidentemente isso terá que ser partilhado ao longo de 2013, 2014 e até 2015. Se for para pagar alguma coisa imediatamente agora, não há menor espaço, porque eu não tenho espaço fiscal para fazê-lo", afirmou o governador.

No domingo (5), o governo havia oferecido reajuste de 6,5% retroativo a 1º de janeiro aos PMs em greve, segundo o secretário de comunicação Robson Almeida. O líder do policiais militares em greve, Marcos Prisco, disse na segunda que a categoria rejeitou a proposta. "Essa proposta é linear e vale para todos os servidores públicos. Ela já foi feita e recusada há duas semanas", afirmou.

Negociações e anistia
Segundo Jaques Wagner, as negociações para o fim da paralisação começaram às 16h30 de segunda e se estenderam até as 2h desta terça-feira. As conversas para o fim do movimento devem ser retomadas nesta manhã, a partir das 10h.

"Quando as coisas não andam, as negociações se interrompem rapidamente", disse. "A extensão da reunião é um sinal de que estamos no caminho de encontrar uma saída negociada”, acrescentou.

Moradores de rua foram mortos. Não tenho como acusar e dizer foi esse ou aquele, mas é óbvio que isso faz parte de uma tática"
Jaques Wagner

O governador descartou anistia para os grevistas que realizaram o que chamou de “atos criminosos”, mas minimizou os atritos. "Anistia se concede em um regime de exceção e de guerra, e estamos em uma democracia. Conceder anistia seria um salvo-conduto (para atos criminosos)", afirmou.

"Evidente que aqueles que fizeram atos que não compactuam com a democracia, que violentaram a lei, que depredaram patrimônio público, que de arma em punho ameaçaram a população dentro dos ônibus, esses seguraramente terão que ser processados senão seria um salvo-conduto para que que qualquer movimento reivindicatório pudesse se utilizar do que quisesse", acrescentou.

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