sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Assassino de José Raimundo Aras é condenado a 18 anos



Depois de quase dez horas de julgamento no Fórum Souza Filho, em Petrolina, o juiz Cícero Everaldo Ferreira condenou a 18 anos de prisão, por homicídio duplamente qualificado, Carlos Robério Pereira. Ele é o acusado de assassinar em 1996 o auditor fiscal da Bahia, José Raimundo Aras. O veredito foi dado por volta das 18h30 de ontem (29).

Carlos, que já cumpriu seis anos da pena, poderá recorrer da decisão em liberdade, graças a um direito constitucional. Ele foi contratado pelos comerciantes Alcides Alves de Souza, Carlos Alberto Silva Campos e Francisco de Assis Lima, para executar o auditor fiscal, que na época investigava um esquema de sonegação de ICMS na região de Juazeiro-Petrolina, conhecido como “Máfia do Açúcar”.

Na sessão presidida pelo juiz Cícero Everaldo, a defesa dos quatro réus (três mandantes e um executor) pediu o adiamento do júri em relação a dois mandantes, Alcides Souza e Francisco Lima, já que os mesmos tiveram que faltar por questões de saúde. Na ocasião, o Ministério Público representado pelo promotor de Justiça, Júlio César Lira, refutou o pedido dos réus de adiamento. O promotor pediu prisão preventiva dos réus que não compareceram, mas o juiz só decretou a preventiva para o mandante, Carlos Alberto Campos.

Em depoimento, o executor negou autoria do crime. Ele confessou na Polícia a sua participação, mas no Tribunal afirmou que assinou a confissão sem ler. Na época do crime, Carlos Robério foi reconhecido por testemunhas e trabalhava para um dos mandantes. O inquérito policial foi conduzido pelos delegados Derivaldo Lira (PE) e Valdir Barbosa (BA).

O CRIME- Em outubro de 1996 o auditor fiscal da Secretaria da Fazenda da Bahia, José Raimundo Aras, foi assassinado no jardim de sua casa com seis tiros por combater a chamada Máfia do Açúcar. Está marcada para esta quinta-feira (29), dezesseis anos depois do crime, a sessão plenária para o julgamento das ações penais contra Francisco de Assis Lima, Alcides Alves Bezerra, Carlos Alberto da Silva Campos e Carlos Róberio Vieira Pereira.

Os réus serão julgados pela prática de homicídio triplamente qualificado às 9 horas, no tribunal do júri da Comarca de Petrolina, Sertão do São Francisco, e a sessão será presidida pelo juiz Cícero Everaldo Ferreira Silva. O filho do auditor, Vladimir Aras, procurador da República, estará presente na sessão do júri. "Depois de muitas lágrimas e descaso, a Justiça brasileira resolveu mover-se. É preciso que a categoria a que ele pertenceu demonstre seu repúdio a tal violência", disse.
José Raimundo Aras foi morto a mando de atacadistas do açúcar na região de Juazeiro, na Bahia, depois de desvendar um esquema de sonegação de ICMS entre a Bahia e Pernambuco. "Meu pai deu seu próprio sangue pela carreira que abraçou com tanta honra. Mobilizemo-nos agora para que a justiça não falhe", completou Vladimir. O presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil em Pernambuco (Sindifisco), Francelino Valença, está mobilizando os colegas auditores dos estados da Bahia e de Sergipe. Eles viajam nesta quarta-feira (28) a Petrolina para acompanhar o início do julgamento.

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