quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Corregedoria pede vídeo de viatura e afasta PMs denunciados por sumiço

Abordagem
 A Polícia Militar voltou atrás e decidiu afastar três agentes envolvidos no sumiço de Geovane Mascarenhas de Santana, de 22 anos, que já dura 12 dias. Eles abordaram o rapaz na região da Calçada, em Salvador, no dia 2 de agosto, e, desde então, ele não voltou mais para a casa.
Os três suspeitos foram ouvidos na corregedoria da 14ª Companhia da PM. O conteúdo do depoimento foi pedido pelo G1, mas ainda não foi revelado. Inicialmente, a PM informou que os eles, que são das Rondas Especiais (Rondesp), não seriam retirados das ruas. "Os três estariam escalados para serviço na noite de quarta-feira (13), porém foram preventivamente afastados do serviço nas ruas até que sejam concluídas as apurações". Imagens da câmera de segurança do carro policial já foram solicitadas, informa a PM.
 
Jurandy Silva Santana, pai do rapaz, já percorrer nove unidades de polícia em busca do filho, sem conseguir pista do filho. Ele passou pela Central de Flagrantes, que fica na 1ª Delegacia dos Barris, 2ª Delegacia, na Lapinha; 5ª Delegacia, em Periperi; 9ª Delegacia, na Boca do Rio; Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos, na Av. ACM; 37ª Companhia Independente da PM (CIPM), na Liberdade; 22ª Delegacia, na cidade de Simões Filho; além dos batalhões da Rondesp, também de SImões Filho; e do bairro do Lobato, em Salvador. O pai também esteve duas vezes no Instituto Médico Legal (IML).
 
O caso foi registrado na Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). No local, a família foi orientada a procurar novamente a 2ª Delegacia, que abrange a área onde ele foi visto pela última vez. Na unidade, a delegada informou que quer que o pai preste um novo depoimento. "Estamos solicitando que ele preste novo depoimento, nos apresente aqui as provas que ele detém para que nós iniciemos a investigação acerca desse fato lamentável. Um fato rico em registros de áudio e vídeo, com detalhes de sequestro, de um indivíduo que, até agora, não tem paradeiro", relata a delegada Patrícia Pinheiro.
 
Segundo Jurandy Silva Santana, as imagens do circuito interno de segurança de um imóvel registraram o momento em que ele foi abordado e teve a moto levada por um dos PMs. Ao G1, Jurandy informou, nesta quinta-feira (14), que permanece sem notícias do filho e que pretende fazer uma denúncia junto ao Ministério Público da Bahia ainda esta tarde. "Ele foi agredido, jogaram no chão, agrediram e ele não estava com nada. A dor é a gente saber o que fizeram com meu filho, para onde levado. Olha, tá ali num lugar jogado, para enterrar. É o que a gente quer saber, onde está ele", afirma. Ele vai ser ouvido na sexta-feira (15) na Corregedoria da PM.
 

De acordo com a delegada Patrícia Pinheiro, testemunhas chegaram a ser ouvidas por ela, entre elas, a pessoa que entregou as imagens da ação à polícia. "Ele disse que não assistiu até o final, mas confirmou tudo. Para coibir qualquer risco, nós orientamos ele a deixar o local", contou a delegada ao G1 nesta quinta-feira.
 
Agressão e sumiço
 
As imagens mostram o momento em que um homem, em uma motocicleta - que o pai afirma ser o filho Geovane Mascarenhas -, desce do veículo após abordagem policial. Pelas imagens, três policiais descem da viatura, sendo que um deles desfere um tapa no rosto do jovem, que estava com as mãos para o alto. Logo após, um outro PM chuta as pernas do jovem, que cai ajoelhado.
 
Ainda baseado nas imagens, o jovem é revistado e conversa com um dos PM's, sendo que, em seguida, a moto dele é vistoriada. Durante a ação, algumas pessoas passam pelo local. Após a averiguação do veículo, um policial tira a moto da rua. Enquanto isso, as imagens mostram o porta-malas da viatura sendo aberto e depois fechado. O rapaz não aparece mais nas imagens. Toda a ação dura seis minutos. 
 
Desespero da família
 
Após o sumiço, o pai do rapaz conta que prestou queixa em delegacias da região, foi até o Instituto Médico Legal (IML), ao presídio e hospitais, na esperança de encontrar notícia sobre o jovem. "Quando vou na delegacia me perguntam se ele não estava com droga. Mas ele não tinha nada. A moto era dele e o documento estava correto. Ele só estava sem capacete e não tinha habilitação, mas estava providenciando", conta Jurandy Silva.
 
Jurandy conta que Geovane tem duas passagens na polícia por roubos cometidos em 2011, mas respondeu pelos crimes. O pai afirma que o rapaz estava trabalhando e não tinha qualquer problema com a Justiça. "Ele tem uma filhinha de um ano e sete meses, trabalha fazendo limpeza de ônibus, mas está afastado", acrescenta.
 
"Ainda tenho esperança. Enquanto não acharem o corpo dele, eu tenho esperança. Estou na luta, uma angústia, vou em um lugar, em outro. Estou sem comer direito, sem dormir. Estou sofrendo. Ele não desapareceu do nada, ele foi levado. Será que é assim que a polícia tem que agir?", questionou.
 
Informações do g1 

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