Um
Policial Rodoviário Federal (PRF) de Ilhéus, no sul da Bahia, foi indiciado por
violação de segredo profissional por uso indevido de base de dados exclusivos
para a atividade policial. De acordo com dados da investigação, divulgados
nesta quarta-feira (19/03), o agente obteve informações sigilosas da ferramenta
"Infoseg" atendendo ao pedido de um amigo que alegou estar sendo
ameaçado e queria saber quantas pessoas estavam atrás dele. O inquérito é
conduzido por Charles Antônio Leão Gomes, delegado que coordena o Grupo
Especializado de Repressão aos Crimes Eletrônicos (GME).
Em
depoimento, o policial informou que fez um favor a um amigo que não via há 28
anos. De acordo com a polícia, um dos nomes encontrados era igual ao do
secretário municipal de Relações Institucionais da Prefeitura de Camaçari, que tem
um homônimo, suspeito de furto e já com passagem pela polícia. Contudo, dias
após o policial rodoviário ter enviado o e-mail para o amigo, foi postado, no
Facebook, montagens com a imagem do secretário, retirada do sistema, com
informações consideradas falsas.
"Solicitei
informações de quem acessou a infoseg e o portal SSP. Verifiquei que a única
pessoa que consultou o secretário municipal dos dois sites foi esse policial.
Fizemos o convite para que ele comparecesse aqui e ele não compareceu. Confessou
a informação ao delegado por meio de carta precatória. Temos que verificar se
ele estava de má-fé. Mas só o fato de ele acessar um site de uso restrito para
investigação policial, para atender ao desejo de um amigo, praticou conduta
prevista no Código Penal", explica o delegado Charles Leão.
Entre
as informações falsas divulgadas na rede social, a montagem, postada em perfis
e em grupos, informava que o secretário já tinha sido conduzido para uma
delegacia por envolvimento em crime contra o patrimônio. O delegado afirma que
o gestor não tem passagem pela polícia e que o crime tem cunho político.
Duas
pessoas são suspeitas da criação de montagem, já foram ouvidas e liberadas. De
acordo com a polícia, eles e o amigo do policial trabalharam em um setor de transporte
da cidade em que o secretário também atuou, mas a ligação entre eles continua
sendo investigada.
Com
base na investigação, atualmente, os dois atuam como assessor parlamentar da
Câmara Municipal de Camaçari e agente de fiscalização de trânsito da mesma
cidade. Já o "amigo" do policial está em São Paulo, também foi
localizado e disse à polícia que a advogada entraria em contato.
"Todas
as pessoas envolvidas na montagem fizeram com um fundo político. Esse
secretário trabalhou, antes de assumir o atual cargo, em um setor de transporte
de Camaçari. O homem que está em São Paulo e esses dois têm relação nesse
setor. Só falra linkar se o policial tinha má-fé e fazer a ligação da suposta
pessoa que está em São Paulo", afirmou.
O
delegado aponta que o indiciamento do policial vai ser comunicado à própria
PRF, que vai decidir se o afasta ou não. O caso continua sendo investigado. O G1 ainda não conseguiu
contato com o secretário municipal e o delegado ressaltou que ele não faz parte
da apuração.
Informações do g1 efotos do SBT
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