quinta-feira, 20 de março de 2014

PRF é indiciado por ceder dados sigilosos da SSP a pedido de 'amigo'

Um Policial Rodoviário Federal (PRF) de Ilhéus, no sul da Bahia, foi indiciado por violação de segredo profissional por uso indevido de base de dados exclusivos para a atividade policial. De acordo com dados da investigação, divulgados nesta quarta-feira (19/03), o agente obteve informações sigilosas da ferramenta "Infoseg" atendendo ao pedido de um amigo que alegou estar sendo ameaçado e queria saber quantas pessoas estavam atrás dele. O inquérito é conduzido por Charles Antônio Leão Gomes, delegado que coordena o Grupo Especializado de Repressão aos Crimes Eletrônicos (GME).

Em depoimento, o policial informou que fez um favor a um amigo que não via há 28 anos. De acordo com a polícia, um dos nomes encontrados era igual ao do secretário municipal de Relações Institucionais da Prefeitura de Camaçari, que tem um homônimo, suspeito de furto e já com passagem pela polícia. Contudo, dias após o policial rodoviário ter enviado o e-mail para o amigo, foi postado, no Facebook, montagens com a imagem do secretário, retirada do sistema, com informações consideradas falsas.

"Solicitei informações de quem acessou a infoseg e o portal SSP. Verifiquei que a única pessoa que consultou o secretário municipal dos dois sites foi esse policial. Fizemos o convite para que ele comparecesse aqui e ele não compareceu. Confessou a informação ao delegado por meio de carta precatória. Temos que verificar se ele estava de má-fé. Mas só o fato de ele acessar um site de uso restrito para investigação policial, para atender ao desejo de um amigo, praticou conduta prevista no Código Penal", explica o delegado Charles Leão.

Entre as informações falsas divulgadas na rede social, a montagem, postada em perfis e em grupos, informava que o secretário já tinha sido conduzido para uma delegacia por envolvimento em crime contra o patrimônio. O delegado afirma que o gestor não tem passagem pela polícia e que o crime tem cunho político.

Duas pessoas são suspeitas da criação de montagem, já foram ouvidas e liberadas. De acordo com a polícia, eles e o amigo do policial trabalharam em um setor de transporte da cidade em que o secretário também atuou, mas a ligação entre eles continua sendo investigada.

Com base na investigação, atualmente, os dois atuam como assessor parlamentar da Câmara Municipal de Camaçari e agente de fiscalização de trânsito da mesma cidade. Já o "amigo" do policial está em São Paulo, também foi localizado e disse à polícia que a advogada entraria em contato.

"Todas as pessoas envolvidas na montagem fizeram com um fundo político. Esse secretário trabalhou, antes de assumir o atual cargo, em um setor de transporte de Camaçari. O homem que está em São Paulo e esses dois têm relação nesse setor. Só falra linkar se o policial tinha má-fé e fazer a ligação da suposta pessoa que está em São Paulo", afirmou.

O delegado aponta que o indiciamento do policial vai ser comunicado à própria PRF, que vai decidir se o afasta ou não. O caso continua sendo investigado. O G1 ainda não conseguiu contato com o secretário municipal e o delegado ressaltou que ele não faz parte da apuração.


Informações do g1 efotos do SBT 

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