segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Pastor atribui condução a Policia Federal como “perseguição pelo trabalho social”



Igreja Quadrangular
O pastor Pedro (PSC), que é da Igreja do Evangelho Quadrangular após ser ouvido na delegacia da Polícia Federal de Feira de Santana, na manhã desta sexta-feira (30) foi liberado. O religioso foi conduzido coercitivamente por agentes do órgão sob a suspeita de participar de um esquema ilegal de compra de votos no município, para as eleições do próximo domingo, dia 2 de outubro.

O pastor Pedro prestou esclarecimentos na delegacia da PF. Ele atribui as acusações a perseguição por conta do trabalho social que ele desenvolve na cidade.

“Nós fomos conduzidos para prestar esclarecimentos e vejo como uma perseguição pelo trabalho social que estamos fazendo na cidade, que tem incomodado e mexido com muita gente. Não é porque é um momento político que vamos parar o nosso trabalho social. As pessoas são rejeitadas e não podemos rejeitá-las agora. Nós não temos nenhum tipo de compra de votos. Não viemos para aqui sermos conduzidos por compra de votos, mas sim por perseguição”, afirmou pastor Pedro.

Sobre a distribuição de alimentos e marcação de consultas, ele diz que esse trabalho social já é feito há muitos anos com sete ônibus que circulam gratuitamente para a população. “Nós vamos continuar o nosso trabalho, que é um trabalho de Deus”, disse.

O delegado da Polícia Federal Fábio Marques informou que as investigações revelaram que o pastor evangélico liderava um esquema de captação de votos mediante o preenchimento de listas intituladas de ‘Oração para a família’ onde eram exigidos os dados eleitorais do fiel e caso eles se negasse a fornecer a ordem é que seriam amaldiçoados. Ele confirmou que as informações foram passadas à polícia pelo Ministério Público Federal e a partir daí foi deflagrada a operação batizada de 'Simão', que vem do codinome utilizado pelos policiais para se referir ao principal investigado, uma referência ao Apóstolo de Jesus Cristo.

“Durante a investigação a gente usou a técnica da interceptação telefônica, devidamente autorizada pela Justiça Eleitoral, e onde em determinado momento foi captado um áudio de uma liderança política oferecendo um lote de votos para o candidato que é pastor evangélico. Nessa ligação ele se recusa em razão de não possuir o valor solicitado. Então, ele arruma outro candidato que teria esse valor para pagar. Eles marcam um encontro com a liderança, e a gente acredita que foi concretizado porque essa mesma liderança política que chega nessa reunião com a plotagem do seu veículo do pastor, ao final da reunião retira a plotagem e coloca a do atual vereador e também candidato para esse pleito”, explicou o delegado.

Segundo ele, o pastor ainda estaria intermediando a regulação de pacientes na Secretaria Municipal de Saúde. “Lá eles encaminhavam esses pacientes para clínicas mediante o fornecimento do seu título de eleitor. Há contatos que precisam ser apurados dentro da secretaria e na central de regulação, que estavam auxiliando esse tipo de ilicitude”, informou o delegado.

O promotor Audo Rodrigues reforçou a importância de a população denunciar crimes eleitorais como esses. Ele afirmou que a lei existe para todos e aqueles que praticarem tais atos serão punidos. “A gente está aqui para cumprir o nosso papel e levar a Justiça à punição de todos os envolvidos. Os responsáveis que serão punidos não são apenas os candidatos, mas todos aqueles que estiverem envolvidos em condutas criminais também serão punidos nos rigores da lei”.

Ele informou que o Ministério Público vai aguardar a conclusão do procedimento de investigação, que demanda a transcrição de áudios e coleta de provas de relação. “Isso será formalmente encaminhado ao Ministério Público Eleitoral, que deflagrará as ações, que serão provavelmente de natureza criminal com pedido de prisão a depender dos crimes cometidos, e num segundo momento as ações de natureza cível, que demandam a cassação do registro ou diploma se eles forem eleitos, e também a inegibilidade dos oito anos seguintes”, afirmou o promotor.

“Essa é só a ponta do iceberg que estamos conseguindo enxergar de condutas que estão sendo levianamente praticadas por diversas pessoas no município e nós estamos na busca incessante contando com o apoio da Polícia Federal. Nós estamos apurando e aprofundando para se descobrir uma teia verdadeiramente criminosa que possa existir no tocante a eleições municipais. A lei que trata do crime da compra de votos também pune o eleitor. A mesma pena para candidatos é para o eleitor que solicita ou recebe aquela benesse em troca de um voto” acrescentou o promotor Audo Rodrigues.
 
Autor/ Créditos: Redação

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