A
médica Kátia Vargas deixou o Hospital Aliança às 9h15 desta quinta-feira
(17/10), em uma viatura da 7ª Delegacia Territorial (DT/Rio Vermelho). A
médica, que estava internada desta a última sexta (11), quando provocou a
morte dos irmãos Emanuel, 21, e Emanuelle, 23, em um acidente de
carro, não foi algemada.
Segundo
o repórter Gil Santos, que acompanhou a saída da oftalmologista, Kátia estava
chorando muito, com o rosto entre as mãos, e segurando um terço. Ela estava
acompanhada pela titular da 7ª DT, Jussara Souza, sentada na viatura entre
dois policiais, enquanto tentava cobrir o rosto.
Kátia
foi encaminhada para o Complexo Penitenciária na Mata Escura, onde chegou às
9h37, onde deve responder às denúncias presa. O advogado de defesa da
médica, Vivaldo Amaral, acompanhou tudo e conversa neste momento com a
imprensa. O advogado da família de Emanuel e Emanuelle, Daniel Keller, também
está presente no presídio.
Segundo
o promotor David Gallo, a médica será denunciada por homicídio qualificado —
por motivo torpe (intenção de vingança), por colocar a vida de terceiros em
perigo e pela impossibilidade de defesa das vítimas, que estavam de costas para
a médica e com um veículo de menor porte.
Nesta
quarta (16), foi ouvida a oitava testemunha do acidente. A delegada Acácia
Nunes explicou que os depoimentos colhidos são convergentes e só reforçaram a
teoria de que a médica tinha intenção de matar os irmãos no acidente.
A
conclusão sobre o estado de saúde de Kátia, acusada das mortes dos irmãos
Emanuel, 21, e Emanuelle, 23, foi apresentada pelo Ministério Público do
Estado da Bahia (MP-BA) a partir do laudo emitido pelo Departamento de Polícia
Técnica (DPT).
Médica
fala em suicídio
A
avaliação do DPT contesta o boletim médico expedido no início da tarde de ontem
pelo Hospital Aliança, onde ela está internada desde a última sexta-feira, dia
do acidente.
Kátia
disse ao médico legista do DPT que pensa em cometer suicídio. Para o advogado
da família das vítimas, Daniel Keller, o laudo emitido pelo DPT não aponta
qualquer indício de suicídio por parte da médica. Daniel afirmou ainda que
Kátia teria sido orientada pela defesa a fazer essa afirmação. "Isso não
existe. Foi orientação da defesa para que ela afirmasse isso", disse
ao Correio24horas.
Hospital Aliança
e Samu na mira do MP
Na
terça, a Justiça decretou a prisão preventiva da médica e deu um prazo de 24
horas para que o hospital informasse o estado de saúde de Kátia. De acordo
com o promotor Nivaldo Aquino, o MP-BA vai apurar se a direção do hospital e o
Samu, que socorreu a oftalmologista após o acidente, obstruíram o trabalho da
Justiça.
“Vamos
avaliar se houve uma violação da norma penal”, afirmou Aquino. Segundo o
promotor David Gallo, foi enviado um questionário para o diretor do hospital
questionando quem recepcionou a médica, qual o procedimento padrão do hospital
ao receber criminosos e a especialidade do médico que acompanha Kátia.
O
Samu, por sua vez, terá que explicar o motivo da médica ter sido conduzida para
um hospital particular. “Nesses casos (prisão em flagrante), a lei diz que o
suspeito deve ser encaminhado para um hospital público”, ressaltou Gallo.
Familiares
da médica Kátia Vargas aguardam informações em frente a hospital (Foto: Almiro
Lopes)
Durante
todo o dia de ontem, a movimentação de parentes de Kátia e jornalistas foi
intensa na frente do hospital —na expectativa da prisão da médica.
A
titular da 7ª Delegacia (Rio Vermelho), Jussara Souza, negou que a médica tenha
tentado fugir do Hospital Aliança, em uma ambulância, ontem à noite. “Não
existe isso. Não aconteceu”, garantiu.
A
assessoria da Secretaria da Segurança Pública (SSP) também informou desconhecer
qualquer tentativa de fuga da suspeita, que está sob custódia. Jussara disse
que pretende ir ao hospital “a qualquer momento a partir de amanhã (hoje)”.
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