sábado, 30 de março de 2013

Familiares e amigos prestam homenagem a policial militar morto


Amigos e familiares se despediram do soldado Antônio Lopes da Silva Júnior, 32 anos, na manhã deste sábado (30/03). O sepultamento ocorreu no cemitério Bosque da Paz, em Nova Brasília. Colegas da operação Gêmeos, grupo criado para combater roubos em coletivos, também participaram da cerimônia. Uma bandeira do Bahia, time de coração do policial, foi colocado em cima do caixão. 

O soldado saiu de casa no Uruguai na tarde de quinta-feira para buscar o filho de 6 anos para passar a Páscoa juntos, mas não conseguiu chegar ao destino. Na noite do mesmo dia, o Vectra preto que o policial dirigia foi localizado em Vida Nova, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana, atrás de uma fábrica de brinquedos, com marcas de tiro e vestígios de sangue.

Policiais militares ainda fizeram rondas na região, mas a aflição da família, que durou cerca de 18 horas, terminou de forma ainda mais trágica. Na manhã de sexta-feira (29), o soldado foi encontrado morto por um pedreiro na localidade de Bela Vista de Jauá, em Camaçari.

Segundo a perícia feita pelo Departamento de Polícia Técnica, o PM, que era lotado na Operação Gêmeos e tinha 10 anos de corporação, foi obrigado a ficar de joelhos e executado com três tiros na cabeça e dois nas costas. “Foi um crime de execução. Ele foi colocado de joelhos, fora do veículo. Encontramos pelo menos nove perfurações. Sem dúvida o crime foi cometido aqui (na localidade de Jauá) e dificilmente foi executado por uma pessoa só”, disse o perito do DPT Marcos Mousinho.

Ainda segundo o perito, Antônio tinha ferimentos nos braços que podem ter sido causados no momento da abordagem ou ainda dentro do veículo. Enquanto a perícia era realizada, cerca de 40 policiais, entre fardados e à paisana, se movimentavam pelo local, cujo acesso não foi permitido à imprensa.

A delegada Marta Karine do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) chegou a pedir que os colegas de profissão evitassem passar pelo local para não “perder evidências”.

Ainda de acordo com a perícia, o soldado foi morto na tarde de quinta-feira e o corpo apresentava sinais nos pulsos que indicavam que ele pode ter sido amarrado. No local onde o corpo foi abandonado, uma estrada de barro com poucas casas próximas, foram encontradas 11 cápsulas de calibre 380 e fragmentos do retrovisor do veículo. No entanto, a arma do policial, cujo calibre não foi divulgado, não foi localizada.

Investigação
A polícia trabalha com duas hipóteses de motivação para o crime. “Estamos investigando se foi retaliação a alguma prisão, o que é pouco provável, ou se cometeram um crime e identificaram que ele era policial”, adiantou o diretor do DHPP, o delegado Jorge Figueiredo, sem especificar que tipo de crime poderia ter sido cometido pelos bandidos.

No entanto, ainda não há suspeitos. “Ele saiu no intuito de buscar o filho, mas não chegou e não ligava para a família. O carro foi encontrado com documentos espalhados no interior. Chegaram a pensar em assalto, mas não levaram o veículo. Estamos com equipes nas ruas, mas ainda não temos pistas”, emendou o delegado.

Bebê
No dia 22 deste mês, Antônio foi um dos policiais que encontraram um bebê recém-nascido, do sexo masculino, abandonado dentro de uma caixa de sapato em um ponto de ônibus no bairro do Lobato, no Subúrbio Ferroviário.

“Ele era comprometido, aguerrido e profissional. Era um dos melhores da Gêmeos. Vestia a camisa da polícia e gostava que as coisas andassem certas”, contou o tenente Fábio Ferreira, também da Gêmeos. 

“Estão sendo rastreadas ligações dele e estamos fazendo rondas para tentar localizar suspeitos, mas ainda é muito cedo para falar com precisão o que aconteceu”, emendou o tenente, enquanto aguardava junto com a família da vítima e colegas de trabalho a liberação do corpo do soldado no Instituto Médico-Legal (IML).

Segundo um tio da vítima, o PM estava separado, morava com a mãe no bairro do Uruguai e costumava pegar o filho que mora com a mãe em Vila de Abrantes. “Ele não tinha inimigos. Todo mundo no bairro adorava ele. Nunca se queixou de nada e do trabalho ele também não falava”, ressaltou o familiar.

“A gente sabia que isso podia ter acontecido porque é uma profissão de alto risco, mas ainda tínhamos esperança. A única coisa que sabíamos era que ele tinha ido buscar o menino e sumiu. Depois chegou a notícia do carro e depois da confirmação da morte”.

“Ele se orgulhava de onde trabalhava, da farda que vestia. Infelizmente a gente sai para trabalhar, mas não sabe se volta”, lamentou o tio do PM.

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