O ex-marido da professora Creuzenilda da Silva
Lima, 45 anos, acusada por um médico do Samu em Juazeiro, norte da Bahia, de injúria racial morreu na madrugada desta
quarta-feira (24/10) no Hospital Regional da cidade, segundo informações da
professora.
Creuzenilda conversou rapidamente por telefone com
o G1 na noite desta quarta e disse que, por enquanto, prefere não
comentar o fato de ter sido acusada de agir de forma preconceituosa com o
funcionário do Samu. Segundo ela, advogados da família estão tomando as
providências necessárias sobre o caso. "A história não é bem assim como
contaram. O médico estava mais preocupado em chamar a polícia do que em atender
meu ex-marido", diz.
De acordo com Creuzenilda, vizinhos disseram que o
Samu demorou de chegar à casa do paciente e a equipe teria justificado o atraso
com a informação de que houve dificuldade de encontrar a residência. "Meu
ex-marido chegou no hospital e foi direto para a UTI. Ele teve um infarto e não
resistiu", disse a professora.
Segundo ela, o ex-marido Jorge Simão de Lima tinha
53 anos e também era professor do município. Eles estavam separados, morando em
casas diferentes há dois anos, mas, de acordo com Creuzenilda, mantinham
amizade e se viam com frequência. O casal tem dois filhos juntos, um jovem de
18 anos e uma garota de 11. O corpo de Jorge Simão foi enterrado na tarde desta
quarta em Juazeiro.
O médico Gilberto Barbosa, que fazia parte da
equipe do Samu que prestou atendimento ao paciente e registrou ocorrência de
injúria racial contra a professora, não foi encontrado pelo G1 para
comentar o assunto na noite desta quarta-feira.
O caso
A professora Creuzenilda da Silva foi detida na terça-feira (23), em Juazeiro, suspeita de injúria racial contra o médico do Samu Gilberto Barbosa, que é negro. De acordo com o delegado Flávio Martins, titular da 1ª Delegacia, o serviço médico foi acionado para prestar atendimento ao ex-companheiro da mulher.
A professora Creuzenilda da Silva foi detida na terça-feira (23), em Juazeiro, suspeita de injúria racial contra o médico do Samu Gilberto Barbosa, que é negro. De acordo com o delegado Flávio Martins, titular da 1ª Delegacia, o serviço médico foi acionado para prestar atendimento ao ex-companheiro da mulher.
De acordo com Martins, o médico relatou que foi
chamado pela professora de "negrinho metido a besta". O médico contou
sua versão do ocorrido. "Eu conduzi o paciente até o interior da
ambulância para que a gente fizesse o primeiro atendimento, quando a gente
estava tentando fazer o acesso venoso nele, ela abriu a porta da ambulância
traseira e começou a gritar porque que o paciente ainda estava lá e não tinha
sido removido para o hospital. Eu pedi para que ela fechasse a porta da
ambulância, foi quando ela disse que eu era um negrinho metido e bateu a porta
da viatura", diz Gilberto Barbosa.
Segundo o delegado Flávio Martins, a professora
prestou depoimento e foi liberada após pagamento de fiança no valor de um
salário mínimo, R$ 622. "No depoimento ela disse que se desentendeu com o
médico, mas não falou que fez essa conotação racial. Ela negou a injúria
racial", afirmou o delegado.
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